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GNOSE DO DEUS EROS

Arde em fogueira antiga

memória de
algum corpo meu de então.

Outro era o
drama, mesma a intriga,

mesma a entrega,
outra a vermelhidão…

eu mesmo era
outro (outro modo de ser eu).

Mesmo o tempo
não era o mesmo

nem era outro.
Era tudo isso ao mesmo tempo,

só nós dois
éramos mais que você e eu,

nós dois
éramos os nós de então

mais as
possibilidades de futuros laços

(desde então
me amarro no teu barro

e no teu éter me
amarro).

A fogueira de
hoje oculta ardor

mais forte
ainda, submerso

na poesia, no
verso, na demência,

você, minha
parte sadia,

ao ser minha
loucura e minha ardência,

você, minha
filosofia,

semeia arte na
minha ciência

ao ser minha
revelação.

Tradição de
longínquas sabedorias,

teu amor me faz
pajé guerreiro curumim.

Na tua luz
mergulhei no Ganges, no Jordão,

no tempo-espaço,
nas eras: mergulhei em mim!

 

GNOZO DE LA DIO EROS’

Brulas en fajrego antikva

memoro de mia tiama korpo.

Alia estis la dramo, sama la intrigo,

sama la kapitulacio, alia la ega ruĝo…

mi mem estis alia (alia maniero
esti).

Eĉ tempo ne estis la samo

nek alia. Estis samtempe ĉio
tio,

nur ni estis pli ol vi kaj mi,

ni du estis la tiama nodo

pli la ebloj de ontaj ligiloj

(de tiam do vian argilon min allogas

kaj al via etero allogas mi).

La hodiaŭa fajrego ardon kaŝas

pli forte ankoraŭ, enakaviĝa

en poezio, en verso, en demenco,

vi, mia sana parto,

estas mia demenco kaj mia ardo,

vi, mia filozofio,

semas arton en mia scienco

estas mia revelacio.

Tradicio de fora saĝeco,

via amo igas min militema ŝamano
kurumin’.

Per via lumo enakvigis mi en Gango, en Jordano,

en tempo-spaco en eraoj: enakvigis mi en min! 

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