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meditar escrevendo
É possível que o imperador Marco Aurélio tenha escrito suas “Meditações” apenas para si próprio. Ao fim de um dia cheio de labuta, ele reservava alguns minutos para anotar pensamentos que o ajudassem a compreender a vida e a si mesmo. Apoiava-se assim no exercício da filosofia estóica, que recomenda, como ponto essencial, a reflexão constante, antes da ação. Ao que parece, a escrita o ajudava. Meditar escrevendo confere maior consistência às ideias: pode-se revisar as palavras escritas quantas vezes for necessário. Uma vez ditas, são como setas que um arco disparou. O assunto diz respeito ao nosso tempo. Dois milênios depois, parece generalizada a tendência de se expressar…
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meditar escrevendo
É possível que o imperador Marco Aurélio tenha escrito suas “Meditações” apenas para si próprio. Ao fim de um dia cheio de labuta, ele reservava alguns minutos para anotar pensamentos que o ajudassem a compreender a vida e a si mesmo. Apoiava-se assim no exercício da filosofia estóica, que recomenda, como ponto essencial, a reflexão constante, antes da ação. Ao que parece, a escrita o ajudava. Meditar escrevendo confere maior consistência às ideias: pode-se revisar as palavras escritas quantas vezes for necessário. Uma vez ditas, são como setas que um arco disparou. O assunto diz respeito ao nosso tempo. Dois milênios depois, parece generalizada a tendência de se expressar…
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pessoas polivalentes
“A Velhice”, de Simone de Beauvoir, é leitura desafiante. São seiscentas páginas dedicadas a demostrar a aridez que constitui os últimos anos de uma longa vida, na maioria das vezes. Solidão, decadência, luto, perdas, limitações, doença, às vezes desprezo e humilhação. Há porém pequenas luzes que brilham na escuridão. A autora reconhece que “pessoas polivalentes” podem ser favorecidas no seu processo de envelhecimento. Para elas, existe a chance de uma renovação de valores. Quem alimenta múltiplos e vibrantes interesses durante a vida tem maior chance de chegar ao fim mantendo a curiosidade, a vontade de aprender, de conviver. O engenheiro que veleja e joga xadrez; o químico que cultiva…
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pessoas polivalentes
“A Velhice”, de Simone de Beauvoir, é leitura desafiante. São seiscentas páginas dedicadas a demostrar a aridez que constitui os últimos anos de uma longa vida, na maioria das vezes. Solidão, decadência, luto, perdas, limitações, doença, às vezes desprezo e humilhação. Há porém pequenas luzes que brilham na escuridão. A autora reconhece que “pessoas polivalentes” podem ser favorecidas no seu processo de envelhecimento. Para elas, existe a chance de uma renovação de valores. Quem alimenta múltiplos e vibrantes interesses durante a vida tem maior chance de chegar ao fim mantendo a curiosidade, a vontade de aprender, de conviver. O engenheiro que veleja e joga xadrez; o químico que cultiva…
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personalidades esmagadoras
Há relato de que a esposa de Tolstói o considerava uma “personalidade esmagadora”. Existem de fato, na vida de todos nós, personalidades esmagadoras. Que significa? São pessoas que se postam, diante de nossos olhos, como irresistíveis, que nos inibem, que tolhem nossa capacidade de pensar com isenção. Pessoas que se impõem pela força de sua irradiação, de sua palavra, de uma superioridade mental que julgamos inatingível. Não se trata apenas de pessoas que consideramos mais inteligentes ou capazes que nós: elas vivem melhor que nós, elas sabem mais que nós. Nutrimos por elas o temeroso respeito que se deve a um superior. Sentimos uma total incapacidade de nos opormos…
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personalidades esmagadoras
Há relato de que a esposa de Tolstói o considerava uma “personalidade esmagadora”. Existem de fato, na vida de todos nós, personalidades esmagadoras. Que significa? São pessoas que se postam, diante de nossos olhos, como irresistíveis, que nos inibem, que tolhem nossa capacidade de pensar com isenção. Pessoas que se impõem pela força de sua irradiação, de sua palavra, de uma superioridade mental que julgamos inatingível. Não se trata apenas de pessoas que consideramos mais inteligentes ou capazes que nós: elas vivem melhor que nós, elas sabem mais que nós. Nutrimos por elas o temeroso respeito que se deve a um superior. Sentimos uma total incapacidade de nos opormos…
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pequeno réquiem para uma gatinha
PSVMorreu a minha gatinha. Não sem antes deixar explícito o seu amor: veio morrer perto de mim, discreta e silenciosamente. O animalzinho, doce e manso, ocupava seu lugar na casa. Tinha existência macia como sua pelagem; a respiração emitia um ...
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pequeno réquiem para uma gatinha
PSVMorreu a minha gatinha. Não sem antes deixar explícito o seu amor: veio morrer perto de mim, discreta e silenciosamente. O animalzinho, doce e manso, ocupava seu lugar na casa. Tinha existência macia como sua pelagem; a respiração emitia um ...
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olhar o mundo
Passo pelo Largo da Matriz, com pressa de chegar ao meu destino. Num banco, sob palmeiras centenárias, está sentado um homem calmo. Ele olha ao seu redor os transeuntes, os passarinhos inquietos, o majestoso portal da Sé, um cão que vaga, as nuvens que flutuam... De permeio, uma brisa leve. O homem olha o mundo, despreocupado de compreendê-lo. Apenas olha, e vê. Passo por ele, e ele também me vê. Por um momento, percebo quão ridícula é a minha pressa. Por toda a vida, passei pelo Largo da Matriz. Nunca me sentei para repousar um instante, e olhar o mundo. Sempre a perseguir destinos obscuros. Sempre urgente. Como me arrependo!…
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“Saudade”
"Saudade", Almeida Júnior Se o amado está distante, nada consola, em verdade. Uma carta... só um instante, que nunca mata a saudade... Se la amato forestas, kiel tra la vivo iri? Al la koro simple restas per letero resopiri...