Grámatica Fundamental

Tradução do original francês conforme consta no Fundamento do Esperanto

Apesar dessa gramática ser amplamente seguida no uso do Esperanto, existe uma gramática moderna que detalha o uso contemporâneo do idioma, respeitando plenamente a Gramática Fundamental. Essa gramática mais explicada evoluiu ao longo da história do Esperanto e é reconhecida pela Academia de Esperanto. Ela é chamada de Gramática PMEG (Plena Manlibro de Esperanta Gramatiko), elaborada por Bertilo Wennergren.

A) ALFABETO

Observação: As tipografias que não possuem os caracteres ĉ, ĝ, ĥ, ĵ, ŝ, ŭ, podem substituí-los por ch, gh, hh, jh, sh, u.

B) PARTES DO DISCURSO

  1. O Esperanto possui apenas um artigo definido (“la”), invariável para todos os gêneros, números e casos. Não há artigo indefinido.
    Observação: O uso do artigo é o mesmo que em francês ou alemão. Porém, as pessoas que encontrarem alguma dificuldade podem muito bem não usá-lo.
  2. O substantivo sempre termina em “o”. Para formar o plural, adiciona-se “j” ao singular. A língua possui apenas dois casos: o nominativo e o acusativo. O acusativo é formado a partir do nominativo pela adição de “n”. Os outros casos são indicados por preposições: o genitivo por “de” (de), o dativo por “al” (a), o ablativo por “per” (por, por meio de) ou por outras preposições, conforme o sentido.
    Exemplo: la patr’o ― o pai; al la patr’o ― ao pai; de la patr’o ― do pai; la patr’o’n ― o pai (acusativo, ou seja, complemento direto); per la patr’o’j ― pelos pais ou por meio dos pais; la patr’o’j’n ― os pais (acusativo plural); por la patr’o ― para o pai; kun la patr’o ― com o pai, etc.
  3. O adjetivo sempre termina em “a”. Seus casos e números são marcados da mesma maneira que os substantivos. O comparativo é formado com a palavra “pli” (mais) e o superlativo com a palavra “plej” (o mais). O “que” do comparativo é traduzido por “ol” e o “de” do superlativo por “el” (dentre).
    Exemplo: pli blank’a ol neĝ’o ― mais branco que neve; mi hav’as la plej bel’a’n patr’in’o’n el ĉiu’j ― eu tenho a mãe mais bela de todas.
  4. Os adjetivos numerais cardinais são invariáveis: unu (1), du (2), tri (3), kvar (4), kvin (5), ses (6), sep (7),
    ok (8), naŭ (9), dek (10), cent (100), mil (1000). As dezenas e centenas são formadas pela simples junção dos dez primeiros números. Aos adjetivos numerais cardinais, acrescenta-se: a terminação “a” para os numerais ordinais; “obl” para os numerais multiplicativos; “on” para os numerais fracionários; “op” para os numerais coletivos. Usa-se “po” antes desses números para indicar os numerais distributivos. Na língua, os adjetivos numerais podem ser usados como substantivos ou advérbios. Exemplo: Kvin’cent tri’dek tri ― 533; kvar’a ― 4º; tri’obl’a ― triplo; kvar’on’o ― um quarto; du’op’e ― aos pares; po kvin ― a uma taxa de cinco (cada um); unu’o ― a unidade; sep’e ― sétimo.
  1. Os pronomes pessoais são: mi (eu), vi (você, tu), li (ele), ŝi (ela), ĝi (ele, ela ― para animais ou coisas),
    si (si, próprio), ni (nós), ili (eles, elas), oni (se, a gente). Para formar os pronomes possessivos ou adjetivos possessivos, adiciona-se a terminação “a” dos adjetivos. Os pronomes se declinam como os substantivos. Exemplo: mi’n ― eu, me (acusativo); mi’a ― meu, la vi’a’j ― os seus.
  2. O verbo não varia nem para as pessoas nem para os números. Exemplo: mi far’as ― eu faço, la patr’o far’as ― o pai faz, ili far’as ― eles fazem.

    Formas do verbo:
    a) O presente é caracterizado por “as”: mi far’as ― eu faço.
    b) O passado, por “is”: vi far’is ― você fez, fez.
    c) O futuro, por “os”: ili far’os ― eles farão.
    ĉ) O condicional, por “us”: ŝi far’us ― ela faria.
    d) O imperativo, por “u”: far’u ― faça, façam; ni far’u ― façamos.
    e) O infinitivo, por “i”: far’i ― fazer.
    f) O particípio presente ativo, por “ant”: far’ant’a ― fazendo, far’ant’e ― ao fazer.
    g) O particípio passado ativo, por “int”: far’int’a ― tendo feito.
    ĝ) O particípio futuro ativo, por “ont”: far’ont’a ― que fará, prestes a fazer.
    h) O particípio presente passivo, por “at”: far’at’a ― sendo feito.
    ĥ) O particípio passado passivo, por “it”: far’it’a ― feito, já feito.
    i) O particípio futuro passivo, por “ot”: far’ot’a ― prestes a ser feito.

A voz passiva é apenas a combinação do verbo “estas” (ser) com o particípio presente ou passado do verbo passivo dado. O “de” ou o “por” do complemento indireto são traduzidos por “de”. Exemplo: ŝi estas am’at’a de ĉiu’j ― ela é amada por todos (particípio presente: a ação está em progresso). La pord’o estas ferm’it’a ― a porta está fechada (particípio passado: a ação foi completada).

  1. O advérbio é caracterizado pela terminação “e”. Seus graus de comparação seguem a mesma regra dos adjetivos. Exemplo: mia frato pli bone kantas ol mi ― meu irmão canta melhor que eu.
  2. Todas as preposições exigem o nominativo.

C) REGRAS GERAIS


9. Cada palavra é pronunciada exatamente como está escrita.

  1. O acento tônico recai sempre na penúltima sílaba.
  2. As palavras compostas são formadas pela simples junção dos elementos que as formam, escritas juntas, mas separadas por pequenos traços. A palavra fundamental deve sempre estar no final. As terminações gramaticais são consideradas palavras. Exemplo: vapor’ŝip’o (navio a vapor) é formado de: vapor ― vapor, ŝipo ― navio, o ― terminação característica do substantivo.

Observação: Em cartas ou textos dirigidos a pessoas que já conhecem a língua, esses pequenos traços (‘) podem ser omitidos. Eles têm como objetivo permitir que todos encontrem facilmente no dicionário o sentido exato de cada elemento da palavra e obtenham assim o significado completo sem qualquer estudo prévio da gramática.

  1. Se houver na frase uma outra palavra de sentido negativo, o advérbio “ne” é omitido. Exemplo: mi neniam vid’is ― eu nunca vi.
  2. Se a palavra indicar o lugar para onde se vai, recebe a terminação do acusativo. Exemplo: kie vi est’as? ― onde você está? kie’n vi ir’as? ― para onde você vai? mi ir’as Parizon ― estou indo para Paris.
  3. Cada preposição tem, no Esperanto, um significado imutável e bem determinado, que fixa seu uso. No entanto, se a escolha de uma preposição em vez de outra não for clara, usa-se a preposição “je”, que não tem significado próprio. Exemplo: ĝoji je tio ― alegrar-se com isso, ridi je tio ― rir disso,
    enuo je la patr’uj’o ― saudade da pátria. A clareza da língua não sofre com isso, pois em todas as línguas usa-se, em casos semelhantes, uma preposição qualquer, desde que sancionada pelo uso. O Esperanto adota para esse propósito a preposição “je”. No entanto, pode-se também usar o acusativo sem preposição, quando não houver risco de ambiguidade.
  4. As palavras “estrangeiras”, isto é, aquelas que a maioria das línguas tomou da mesma fonte, não mudam no Esperanto. Elas apenas recebem a ortografia e as terminações gramaticais da língua. Contudo, quando em uma categoria vários termos diferentes derivam da mesma raiz, é melhor usar apenas a palavra fundamental, sem alteração, e formar os outros de acordo com as regras da língua internacional. Exemplo: tragédie ― tragedio, tragique ― tragedia.
  5. As terminações dos substantivos e do artigo podem ser omitidas e substituídas por um apóstrofo.
    Exemplo: Ŝiller’ (Schiller) em vez de Ŝiller’o; de l’ mondo em vez de de la mondo.
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